Tuesday, April 15, 2008

Regoufe, Drave, Martins de Drave

Já tive o imenso prazer de visitar por duas vezes estas duas localidades, a última das quais em 27 de Maio de 2006, na companhia de outros três entusiastas da natureza. É um lugar que apetece visitar e aonde apetece voltar. A única contrariedade é sermos confrontados durante algum tempo com a ultrajada paisagem do alto da Serra da Freita, com o parque eólico aí instalado. Felizmente que parece que já começam a aparecer alguns afloramentos de bom senso na nossa sociedade e nos nossos meios académicos (http://www2.inescporto.pt/use/noticias-eventos/nos-na-imprensa/energia-eolica-nao-e-competitiva.html/) e pode ser que, um dia, todos possam voltar a usufruir de um património paisagístico agreste e sem mácula. Como deve ser.

"Regoufe - é uma aldeia da freguesia de Covelo do Paivó, com 169 habitantes. Do subsolo deste lugar e das montanhas que o envolvem foram extraídas e exportadas toneladas de volfrâmio. Sobretudo para as forças aliadas e que serviram para o fabrico de material bélico, utilizado, em grande parte, durante a II Guerra Mundial, período durante o qual as minas foram concessionadas a empresários ingleses que faziam a sua exploração. Trabalharam aqui cerca de 1.000 pessoas, oriundas de Valongo, Viseu, etc.

A mina de Poça da Cadela foi concedida para exploração em 9-9-1915, tendo sido extinta por decreto-lei em 1990. Esta mina foi explorada, no seu período áureo, pela Companhia Portuguesa de Minas, que na realidade pertencia a ingleses. Sendo a mais importante na zona de Regoufe, era composta por mais de uma dezena de filões de quartzo com uma mineralização de volframite, cassiterite, arsenopirite e, acessoriamente, pirite, blenda, apatite e berilo. Os filões de direcção média N 30º E, e 35º a 45º de inclinação para NO, tinham, normalmente, uma espessura entre 10 e 20 cm (excepcionalmente, até 50 cm); encontravam-se encaixados no granito de Regoufe. Contornando o plutão existe uma auréola de metamorfismo de contacto até 2 km do granito, onde existiram outras minas (Muro, Raposeira e Cerdeiral)."

(in http://regoufe.com/).

"Drave - Rodeado de altos montes, Drave é um lugar mítico. A visão que do estradão se tem do povoado lá no fundo, é surpreendente.

O Solar dos Martins e a capelinha dedicada à Nossa Senhora da Saúde destacam-se do esceta dos montes, uns atrás dos outros, a recortar-se da luz do poente, é sublime. Sublime é também a perspectiva que a seguir se tem do Vale de Paivô.

A principal festa é a Senhora da Saúde, a 15 de Agosto."


"História de Drave - A povoação da Drave teve o seu princípio, como todas as outras, porém, como e quando, é o que totalmente se ignora; todavia as árvores antigas, castanheiros e tudo o mais, faz presumir que data de muitos séculos. Acha-se colocada no fundo de um elevado outeiro entre a confluência de três ribeiros, sendo estes, o rio de Palhais, que, correndo do norte, a banha do lado direito, - o Ribeirinho e o ribeiro da Bouça, que descem do lado esquerdo e se juntam todos os três no fundo da povoação. Daqui toma o nome de rio da Drave até desaguar no Paivó, à distância de 5 quilómetros; este rio depois, passando em Covelo, vai muito longe desaguar e morrer no rio Paiva, sendo aí já o maior dos seus confluentes.

Está portanto a Drave colocada numa cova, cercada de enormes e altas montanhas, que, no coração do Inverno, lhe vedam o sol a maior parte do dia, tendo apenas uma garganta ou cortadura da parte do poente; e ainda assim obstruída pelas linguetas das serras, que se entrelaçam. Já teve 4 ou 5 fogos, hoje porém consta só de 3, dois lavradores denominados – os de Baixo e os de Cima – e o Desfeita, carvoeiro: todavia pelas muitas casas de abegoarias do Colado, da parte d'além do rio, com uma boa eira, grande canastro e terras contíguas, figura serem dois povos separados. Cada um dos dois lavradores tem o seu prazo, que compreende as casas, bem como todas as terras lavradias e os montados. São estes prazos quase iguais e por isso deviam ser os dois consortes, nos seus princípios terem iguais haveres, hoje, porém, a casa dos de Baixo ou dos Martins é incomparavelmente mais rica, consequência resultante de terem sempre sido as famílias desta casa sucessivamente melhor dirigidas, e muito mais laboriosas, que é a maior fonte desta riqueza.

Têm os dois consortes vastos e largos montes, que produzem muito carvão os quais de norte a sul, isto é, da serra do Temão e a Serra da Coelheira terão de extensão de 10 quilómetros e de nascente a poente serão 4, figurando assim uma toalha. Neste montados diz a tradição e os vestígios de casas desmoronadas atestam que já houve dois habitantes: um em Palhais, ao norte e a pequena distância da Drave, o qual devia se bom lavrador, como indicam os vestígios de muitas fazendas ao longo do rio, por um e outro lado. Dizem que se apelidava o Braz de Palhais, e que finalmente se fizeram ladrões de colmeias, pelo que foram culpados e desterrados, e assim acabaram. Pelo que, porém, hoje se observa, esse lavrador ou habitante durou talvez séculos, e acabou há mais de três séculos provavelmente.

Muito mais antigo e mais remoto, para o sul da Drave, houve outro habitante, no sítio chamado Casas da Tijosa, de que apenas restam os alicerces das casas. Este sítio era menos próprio para viver e arrotear terras, e não oferecia comodidades, além duma boa fonte da qual carecia o outro de Palhais. Conta-se que fora uma fidalga, que ali viera cumprir degredo.

Fica a Drave a nascente de Covelo de Paivó, sede de freguesia, 10 quilómetros, e ao norte de S. Pedro do Sul, sede de concelho, a 25 quilómetros.

Não obstante ser terra delgada, e sobre fragas, é muito fértil e abundante em milho graúdo (quando não seca), feijões, centeio, castanhas, cera e mel especial. Também produz vinho de sobra para consumo, verde sim, mas saboroso, muito bom linho, hortaliças e couves magníficas. Finalmente, a terra anda bem adubada, mas é grata ao amanho que se lhe faz."

(www.arouca.biz/Turismo/Locais_a_Visitar/Drave_20050702218/).

Vou agora incluir algumas das fotografias que tirei aquando da minha última visita a Drave:

(No centro, à direita, o "Solar dos Martins de Drave"




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